Minhas tardes com Margueritte, de Jean Becker, escrito por ele e Jean-Loup Dabadie, baseado no livro La Tête en Friche, de Marie-Sabine Roger. Sempre no mesmo banco de praça, a senhora Marguerittte (Gisèle Casadesus) lê para Germain (Gérard Depardieu). Desta vez, o livro é A Peste, de Albert Camus. Germain se impressiona com a cena dos ratos tomando conta de tudo. Margueritte diz a Germain que ela é fruto de uma história de amor, ele se considera o fruto de um erro. Germain é lento, tosco, desajeitado, mas ao lado de Marguerittte fica manso como um filhote de barriga cheia, embalado pelas palavras suaves e açucaradas da elegante e frágil senhora, ele experimenta sensações e emoções únicas, formando na mente imagens tão nítidas, imagens da sua imaginação excitada pelas palavras a partir da leitura em voz alta. “Você é um ótimo leitor, Germain, tem uma memória auditiva extraordinária!” Ao que ele responde: “Só falei porque me veio à cabeça!”. Ao prestar ouvidos à leitura, Germain reescreve a história, apropria-se do texto, acrescenta nuances, contrastes, outros elementos, somando tudo isso à sua experiência emocional. Quem gosta de leitura vai gostar de passar as tardes com Margueritte.
Um exercício de roteiro
Dos filmes bacanas que assisto, numa sala de cinema ou em casa, sempre me pego fazendo um exercício de roteiro - extrair a cena que revela a história do filme, a cena chave. É um exercício de concisão que compartilho com os amigos amantes de cinema e de roteiro, mais particularmente. Aqui não há adjetivos, descrições, muito menos o final da história. Você poderá, eventualmente, ouvir a voz dos personagens ao ler o trecho de uma fala ou outra. Assitindo ao filme você poderá concordar comigo ou não, se a cena que escolhi é mesmo a cena chave, afinal as boas histórias podem ser entendidas de diferentes maneiras. Todavia, uma coisa eu garanto: você terá mais da experiência cinematográfica, compreendendo melhor os enredos.
Acompanhe Cena chave e bom filme!
Acompanhe Cena chave e bom filme!